17 de fevereiro de 2009

Ainda são só trocas de olhares...

Afinal, onde estão as famosas paixões adolescentes!? Onde se encontram os mais lindos e fervorosos sentimentos!? Onde estão as nossas cartinhas, onde está a música que escreveste pra mim? E o poema que era para mim e para a Lua ao mesmo tempo? Onde se meteram os suspiros, os apertos, os olhares temerosos? Aonde foi o acelerado ritmo dos corações? O que fizeram com as fotos, as músicas, os quadros, os textos feitos por e para nós? Onde estamos nós!?

E agora, o que me resta, rotina, o que deixaste para mim neste final? Como serão os próximos finais, terei eu algo por que suspirar? Este final me é um começo, oh rotina injusta. Um começo de algo que nem chega a ser uma paixão adolescente. Aliás, estou certa de que são dois "algos" que nem chegam a ser paixões. É tão absurdo o desse final/começo, que, nem seu nome sequer ainda sei. Como posso considerar uma "quase-paixão"? Como posso considerar mesmo uma "quase, ou um algo! É absurdamente desnecessário. Ridículo. Concerto o que deveria dizer aqui: Não há nada nesse final. Ele ainda não virou um outro começo.

15 de fevereiro de 2009

"Você é impossível", ele disse, e deu uma risada - uma risada dura,
frustrada. "Como é que eu posso colocar isso de forma que você
acredite em mim? Você não está dormindo, e você não está morta.
Eu estou aqui, e eu te amo. Eu sempre amei você, e eu sempre. Eu
estava pensando em você, vendo o seu rosto em minha mente,
durante cada segundo em que estive longe. Quando eu te disse que
não te queria, aquele foi o tipo mais negro de blasfêmia".
Eu balancei a minha cabeça enquanto as lágrimas continuavam
escapando do canto dos meus olhos.
"Você não acredita em mim, acredita?", ele sussurrou, o seu rosto
mais pálido que o pálido normal - eu podia ver isso mesmo na luz
fraca. "Porque você consegue acreditar numa mentira, mas não na
verdade?"
"Nunca fez sentido você me amar", eu expliquei, minha voz
escapando duas vezes.
"Eu sempre soube isso".
Os olhos dele se estreitaram, a mandíbula se apertou.
"Eu vou provar que você está acordada", ele prometeu.
Ele pegou o meu rosto seguramente entre suas mãos de ferro,
ignorando minha luta quando eu tentei desviar o meu rosto.
"Por favor não", eu sussurrei.
Ele parou, seus lábios estavam a meio centímetro dos meus.
"Porque não?", ele quis saber. O hálito dele bateu no meu rosto,
fazendo minha cabeça girar.
"Quando eu acordar" - ele abriu a boca pra protestar, então eu revisei
- "Ok, esqueça essa - quando você se for de novo, já vai ser duro
suficiente sem isso também".
Ele se afastou um centímetro, pra olhar pro meu rosto.
"Ontem, quando eu te tocava, você estava tão... hesitante,
cuidadosa, e ainda assim era a mesma. Isso é porque eu estou muito
atrasado? Porque eu te machuquei demais? Porque você realmente
seguiu com a sua vida, como eu planejava que você fizesse? Isso
seria... muito justo. Eu não vou contestar a sua decisão. Então não
tente desperdiçar seus sentimentos, por favor - só me diga se você
ainda pode me amar ou não, depois de tudo que eu te fiz. Pode?", ele
sussurrou.
"Que tipo de pergunta idiota é essa?"
"Só me responda. Por favor".
Eu olhei pra ele com o rosto obscuro por um momento. "O jeito como
eu me sinto por você nunca vai mudar. É claro que eu te amo - e não
há nada que você possa fazer pra mudar isso!"
"Isso era tudo que eu precisava ouvir".
A boca dele já estava na minha, e eu não consegui lutar com ele. Não
porque ele era milhares de vezes mais forte que eu, mas porque a
minha coragem se fez em poeira quando os nossos lábios se
encontraram. Esse beijo não era tão cuidadoso quanto eu me
lembrava, isso pra mim estava ótimo. Eu ia me acabar depois, mas
também eu ia pegar em troca tudo o que eu pudesse.
Então eu o beijei de volta, meu coração batendo feito um louco, num
ritmo desconjuntado enquanto a minha respiração ficava
descontrolada e eu movia os meus dedos cuidadosamente pelo rosto
dele. Eu podia sentir o corpo de mármore dele em cada linha do meu,
e eu estava tão feliz por ele não ter me escutado - não havia dor no
mundo que justificasse perder isso. As mãos dele memorizavam o
meu rosto, do mesmo jeito que as minhas mãos faziam com o rosto
dele, e, nos breves segundos que os nossos lábios ficaram livres, ele
sussurrou meu nome. Eu estava começando a ficar tonta, ele se
afastou, só pra colocar a orelha dele no meu coração.
Eu fiquei lá, fascinada, esperando a minha asfixia para e se aquietar.
"Aliás", ele disse num tom casual. "Eu não vou te deixar".
Eu não disse nada e ele pareceu ouvir o ceticismo da minha voz.
Ele levantou a cabeça pra prender seus olhos aos meus. "Eu não vou
a lugar nenhum. Não sem você", ele adicionou mais seriamente.
"Eu só te deixei em primeiro lugar porque eu queria que você tivesse
a chance em uma vida humana normal, feliz. Eu podia ver o que
estava fazendo com você - mantendo você constantemente na cara
do perigo, tirando você do mundo ao qual você pertencia, arriscando
você a cada minuto que você passava comigo. Então eu tinha que
tentar. Eu tinha que fazer alguma coisa, e pareceu que ir embora era
o único jeito. Se eu não pensasse que você estava melhor sozinha, eu
nunca teria me obrigado a ir embora. Eu sou egoísta demais. Só você
poderia ser mais importante do que o que eu queria... ou precisava.
O que eu quero e preciso é estar com você, e eu sei que jamais serei
forte o suficiente pra ir embora de novo. Eu tenho muitas desculpas
pra ficar - graças aos céus por isso! Parece que você não consegue
ficar segura, não importa quantos quilômetros eu ponha entre nós".
"Não me prometa nada", eu sussurrei. Se eu me deixasse ter
esperanças demais, e isso desse em nada... isso me mataria. O
trabalho que todos aqueles vampiros sem piedade não conseguiram
fazer, elevar minhas esperanças ia terminar.
A raiva soltou um brilho metálico dos olhos dele. "Você acha que eu
estou mentindo pra você agora?"
"Não - não mentindo". Eu balancei minha cabeça, tentando pensar
nas coisas coerentemente. Examinar a hipótese de que ele me
amava, enquanto continuva objetiva, clínica, pra que assim eu não
caísse na armadilha de esperar nada. "Você fala sério... agora. Mas e
quanto a amanhã, quando você pensar em todas as razões pelas
quais foi embora em primeiro lugar? Ou no mês que vem, quando
Jasper der a louca pra cima de mim?"
Ele enrijeceu.
Eu pensei de novo nos piores dis da minha vida quando ele me
deixou, e tentei vê-los pela perspectiva que ele me dava agora.
Dessa perspectiva, imaginando que ele nunca havia deixado de me
amar, que ele havia me deixado por mim, seus silêncios penetrantes
e frios ganharam um significado diferente.
"Não é como se esse não tivesse sido o seu motivo pra ir embora da
primeira vez, não é?", eu adivinhei. "Você vai acabar fazendo aquilo
que você acha certo".
"Eu não sou tão forte quanto você acredita que eu sou", ele disse.
"Certo e errado já deixaram de significar tanto pra mim; eu já ia
voltar do mesmo jeito. Antes de Rosalie ter me dado as notícias, eu
já estava cansado de viver a vida semana depois de semana, ou um
dia de cada vez. Eu estava lutando pra ver as horas passarem. Era só
uma questão de tempo - e não muito tempo - antes de eu aparecer
na sua janela e implorasse que você me aceitasse de volta. Eu ficarei
feliz de implorar agora, se você quiser isso".
Eu fiz uma careta. "Fale sério, por favor".
"Oh, eu estou", ele insistiu, me encarando agora. "Será que dá por
favor pra você tentar ouvir o que eu estou dizendo? Será que você
pode me deixar tentar explicar o quanto você significa pra mim?"
Ele esperou, examinando o meu rosto enquanto falava pra ter certeza
de que eu estava escutando.
"Antes de você, Bella, minha vida era uma noite sem lua. Muito
escura, mas haviam estrelas - pontos de luz e razão... E aí você
apareceu no meu céu como um meteoro.
De repente, tudo estava pegando fogo; havia brilho, havia beleza.
Quando você não estava lá, quando o meteoro caiu no horizonte,
tudo ficou escuro. Nada havia mudado, mas os meus olhos haviam
ficado cegos com a luz. Eu não conseguia mais ver as estrelas. E não
havia mais razão pra nada".
Eu queria acreditar nele. Mas essa era a minha vida sem ele que ele
estava descrevendo, não o contrário.
“Seu olhos irão se ajustar.” Eu resmunguei.
“Esse é o problema – eles não podem”
“E a suas distrações?”
Ele riu sem um traço de humor “Só mais uma parte da mentira,
amor. Não tinha nenhuma distração vinda da... da agonia . Meu
coração não bate a quase noventa anos, mas isso era diferente. Era
como se meu coração tivesse ido – como se eu fosse um buraco.
Como se eu tivesse deixado tudo que havia dentro de mim aqui com
você.”
“Isso é engraçado.” Eu murmurei.
Ele arqueou uma perfeita sobrancelha “Engraçado?”
“Eu quis dizer estranho – eu pensei que isso fosse só eu. Muitos
pedaços de mim ficaram perdidos, também. Eu não estive capaz de
respirar realmente por tanto tempo.” Eu enchi meus pulmões,
luxuriando na sensação. “E meu coração. Isso estava definitivamente
perdido.”
Ele fechou seus olhos e pousou sua orelha sobre meu coração de
novo. Eu deixei minha face pressionar seus cabelos, sentindo a
textura disso na minha pele, sentindo o delicioso aroma dele.
[...]
Ele pegou minha face entre suas duas mão de pedra, segunrando isso
firmemente, enquanto seus olhos escuros olhavam dentro dos meus
com a força gravitacional de um buraco negro. “Eu nunca vou deixar
você novamente.”
[...]
"Eu vou ganhar a sua confiança de volta de alguma forma", ele
murmurou, mais pra sí mesmo. "Nem que seja a última coisa que eu
faça".
"Eu confio em você", eu assegurei ele. "É em mim que eu não
confio".
"Explique isso, por favor"
Ele diminuiu até estar caminhando - eu só sabia a diferença porque o
vento parou - e eu imaginei que não estávamos longe da casa. De
fato, eu achei que estava ouvindo o som do rio correndo em algum
lugar próximo na escuridão.
"Bem" - eu lutei pra encontrar a melhor forma de colocar isso em
palavras. "Eu não confio em mim mesma pra ser... suficiente. Pra
merecer você. Não há nada em mim que possa segurar você".
Ele parou e se inclinou pra trás pra me tirar de suas costas. Suas
mãos gentís não me soltaram; depois que ele me colocou no chão de
novo, ele me agarrou apertado em seus braços, me segurando no
peito.
"Seu laço é permanente e inquebrável", ele sussurrou. "Nunca duvide
disso".
Mas como eu podia não duvidar?
"Você nunca me disse...", ele murmurou.
"O que?"
"Qual é o seu maior problema".
"Eu vou te dar uma dica". Eu suspirei, e me inclinei pra tocar a ponta
do nariz dele com o meu dedo indicador.
Ele balançou a cabeça. "Eu sou pior que os Volturi", ele disse
severamente. "Eu acho que merecí isso".
Eu rolei meus olhos. "Apior coisa que os Volturi podem fazer é me
matar".
Ele esperou com os olhos tensos.
"Você pode me deixar", eu expliquei. "Os Volturi, Victoria... eles não
são nada comparados a isso".
Mesmo na escuridão, eu pude ver a angústia contorcer o rosto dele -
isso me lembrou a expressão dele embaixo do olhar torturante de
Jane; eu me sentí doente, e me arrependí de ter falado a verdade.
"Não", eu sussurrei, tocando o rosto dele. "Não fique triste".
Ele puxou um dos cantos da boca pra cima meio sem vontade, mas a
expressão não tocou os olhos dele. "Se houve pelo menos uma forma
de te fazer ver que eu não posso viver sem você", ele cochichou.
"Tempo, eu acho, é a única forma de te convencer".
Eu gostei da idéia de tempo. "Tudo bem", eu concordei.
O rosto dele ainda estava atormentado. Eu comecei a tentar distrair
ele com coisas sem importância.
"Então - já que você vai ficar. Será que posso ter as minhas coisas de
volta?"
Eu perguntei, fazendo o meu tom sair o mais leve que eu pude.
Minha tentativa funcionou, até certo ponto: ele riu. Mas os seus olhos
retiveram a infelicidade. "As suas coisas nunca foram embora", ele
disse. "Eu sabia que era errado, já que eu prometí te deixar em paz
sem lembranças. Foi uma coisa estúpida e infantil, mas eu queria ter
alguma coisa minha com você. O CD, as fotos, as passagens - elas
estão todas embaixo do seu piso".
"Mesmo?".
Ele balançou a cabeça, parecendo um pouco mais alegre com o meu
óbvio prazer po esse fato trivial. Isso não foi suficiente pra curar
completamente a dor no rosto dele.
"Eu acho", eu disse lentamente, "Eu não tenho certeza, mas eu
imagino... eu acho que sabia disso o tempo inteiro".
"O que você sabia?"
Eu só queria tirar a agonia dos olhos dele, mas enquanto eu falava as
palavras, elas pareceram mais verdadeiras do que eu esperava.
"Alguma parte de mim, meu subconsciente talvez, nunca deixou de
acreditar que você se importava com o fato de que eu vivia ou
morria. Provavelmente era por isso que eu estava ouvindo as vozes".
Houve um profundo silêncio por um momento.
"Vozes?", ele perguntou planamente.
"Bem, só uma voz. A sua. É uma longa história". O olhar cauteloso
nos olhos dele me fez desejar não ter tocado no assunto. Será que
ele ia pensar que eu estava louca, como todo mundo? Será que todo
mundo estava certo em relação a isso? Mas finalmente aquela
expressão - aquela que fazia parecer que ele estava se queimando -
desapareceu.
"Eu tenho tempo", a voz dele estava desnaturalmente uniforme.
"É bem patético".
Ele esperou.
Eu não tinha certeza de como explicar. "Você se lembra do que Alice
te disse sobre esportes radicais?"
Ele falou as palavras sem reflexões ou ênfase. "Você pulou de um
penhasco pra se divertir".
"Er, certo. E antes disso com a moto -"
"Moto?", ele perguntou. Eu conhecia a voz dele o suficiente pra saber
que havia alguma coisa brotando por baixo da calma.
"Eu acho que não disse a Alice sobre essa parte".
"Não".
"Bem, sobre isso... Veja, eu descobrí que... quando eu estava
fazendo alguma coisa perigosa ou estúpida... eu conseguia me
lembrar de você mais claramente", eu confessei, me sentindo
completamente maluca. "Eu conseguia me lembrar do som da sua
voz quando estava com raiva. Eu podia ouví-la, como se você
estivesse bem ao meu lado. Na maior parte do tempo eu tentava não
pensar em você, mas isso não me machucava tanto - era como se
você estivesse me protegendo de novo. Como se você não quisesse
que eu me machucasse.
"E, bem, eu me pergunto se a razão pela qual eu podia te ouvir tão
claramente era porque, por baixo disso tudo, eu sempre soube que
havia não havia parado de me amar".
De novo, enquanto eu falava, as palavras trouxeram com elas um
senso de convicção. Ou de certeza. Algum espaço profundo dentro de
mim reconheceu a verdade.
As palavras dele saíram meio estranguladas. "Você... estava...
arriscando a sua vida... pra ouvir -"
"Shh", eu interrompí ele. "Espere um segundo. Eu acho que estou
tendo uma epifânia aqui".
Eu pensei naquela primeira noite em Port Angeles quando eu tive a
minha primeira ilusão. Eu havia inventado duas opções. Eu não havia
visto uma terceira opção.
Mas e se...
E se você acreditasse sinceramente que uma coisa é verdade, mas
estivesse mortalmente errado? E se você estivesse tão teimosamente
certo de que tinha razão, que você nem podia considerar a verdade?
Será que a verdade seria silenciada, eu ela se faria enxergar?
Opção três: Edward me amava. O laço que havia entre nós não era
uma coisa que podia ser quebrado pela ausência, distância, ou
tempo. E não importava o quanto ele pudesse ser mais especial ou
lindo ou brilhante ou perfeito que eu, ele estava tão irreversívelmente
alterado quando eu. Assim como eu sempre pertenceria a ele, ele
também seria sempre meu.
Era isso que eu estava tentando dizer pra mim mesma?
"Oh!"
"Bella?"
"Oh. Tudo bem. Eu entendo".
"Sua epifânia?", ele perguntou, sua voz desigual e tensa.
"Você me ama", eu disse maravilhada.
O senso de convicção e impermeabilidade passou por mim
novamente.
Apesar dos olhos dele ainda estarem ansiosos, ele deu o sorriso torto
que eu mais amava. "Sinceramente, eu amo".
Meu coração inflou como se fosse explodir entre as minhas costelas.
Ele encheu meu peito e bloqueou minha garganta até que eu não
pudesse falar.
Ele realmente me queria do jeito como eu queria ele - pra sempre.
Era só medo pela minha alma, pelas coisas humanas que ele não
queria tirar de mim, que o tornavam tão desesperado pra me manter
mortal. Comparado ao medo de que ele não me quisesse, essa
barreira - minha alma - parecia quase insignificante.
Ele pegou o meu rosto apertado entre as suas mãos geladas e me
beijou até que eu estivesse tão tonta que a floresta estava girando.
Então ele encostou a sua testa na minha, e eu não era a única
respirando com mais força que o normal.
[...]
Eu estava profundamente aliviada por ele parecer entender -
confortada de que isso fazia sentido pra ele. De qualquer forma, ele
não estava olhando pra mim como se eu fosse uma louca. Ele estava
olhando pra mim como... se me amasse.
"Eu só ouví uma voz", eu corrigi ele.
Ele riu e então me puxou bem apertado para o seu lado direito e
começou a me guiar para a frente.
"Eu só estou brincando com isso", ele fez um gesto largo na
escuridão enquanto nós caminhávamos.

10 de fevereiro de 2009

Amor Proibido

"30 de Agosto
Infeliz! Não és um tolo? Não te enganas a ti mesmo? Por que te entregas a esta paixão desenfreada, interminável? Todas as minhas preces dirigem-se a ela; na minha imaginação não há outra figura senão a dela, e tudo que me cerca somente tem sentido quando relacionado a ela. E isso me proporciona algumas horas de felicidade - até o momento em que novamente preciso separar-me dela! Ah, Wilhelm!, quantas coisas o meu coração desejaria fazer! Depois de estar junto dela duas ou três horas, deliciando-me com sua presença, suas maneiras, a expressão celestial de suas palavras, e todos os meus sentidos pouco a pouco se tornam tensos, de repente uma sombra turva meus olhos, mal consigo ouvir, sinto-me sufocado, como se estivesse sendo estrangulado por um assassino, meu coração bate estouvadamente, procurando acalmar os meus sentidos atormentados, mas conseguindo apenas aumentar a perturbação - Wilhelm, muitas vezes nem sei se ainda estou neste mundo! Em outros momentos - quando a tristeza não me subjulga e Carlota me concede o pequeno conforto de dar livre curso às minhas mágoas, derramando lágrimas abundantes sobre suas mãos - tenho necessidade de afastar-me, de ir para longe, e então ponho-me a errar pelos campos. Nessas horas, sinto prazer em escalar uma montanha íngreme, em abrir caminho num bosque cerrado, passando por arbustos que me ferem, por espinhos que me dilaceram a pele! Sinto-me um pouco melhor então. Um pouco! E quando então, cansado e sedento, às vezes fico prostrado no caminho, no meio da noite, a lua cheia brilhando sobre minha cabeça, quando a solidão do bosque busco repouso no tronco retorcido de uma árvore, para aliviar meus pés doloridos, e então adormeço à meia-luz, mergulhando num sono inquieto - Ah,Wilhelm!, nestas horas a solidão de uma cela, o cilício e o cíngulo de espinhos seriam um bálsamo para a minha alma sequiosa! Adeus! Somente o túmulo poderá libertar-me desses tormentos."

(J. W. Goethe. Os sofrimentos do jovem Werther. 2. ed. Trad. por Marion Fleischer.)

5 de fevereiro de 2009

2 de fevereiro de 2009

É impressionante. "Por que têm que ser assim todas as coisas!?" Seria certamente minha pergunta se eu, por conhecer a Cristo já não soubesse a resposta... Deus tem permitido que tanta coisa aconteça comigo ultimamente... Tanta coisa boa, tanta coisa ruim... Por que?! No ano que se passou, eu cheguei a reclamar da mesmice de minha vida, uma ignorância de minha parte. Sei que tudo o que acontece comigo tem um propósito específico que, muitas vezes, eu não consigo enxergar. Por isso eu só tenho a agradecer ao meu Deus por todos esses acontecimentos... Mesmo por aqueles que me fizeram chorar, como a partida de um/dois amigos MUITO queridos. Mas, antes disso, as diferentes amizades que criei com eles. Nikolas principalmente. Não foi nada fácil pra mim saber que eu não o veria mais todos os dias. Mas eu sei/espero que isso seja mesmo o melhor pra vida dele no momento. Que ele tenha momentos lindos em sua nova cidade... Só cabe a mim aceitar a mudança. [...] Aprendi muito no Palavra da Vida. MUITO. Rendo graças e mais graças a Deus que me proporcionou cada momento e ensinamento naquele lugar maravilhoso. [...] É claro que não vou aqui citar as milhões de novas mudanças e aventuras na minha vida, mas fazer-me lembrar de que tenho que me submeter à vontade perfeita do meu Deus. (Porque, enfaticamente, é o único propósito de tudo o que aqui escrevo. Ainda não sei porque torno tudo isso público.) [...]